sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O Xadrez nas Escolas


O xadrez como disciplina escolar

A idéia básica de se levar o xadrez até as escolas reside no fato de ele ser um esporte pedagógico, auxiliando no desenvolvimento das demais disciplinas curriculares. Quem não precisa, por exemplo, adquirir uma boa memória para guardar acontecimentos e datas quando está em uma aula de história? Qual de nós não tem necessidade de ter precisão nos cálculos matemáticos? Sem contar que o xadrez oferece um ambiente ímpar para desenvolvermos nossa criatividade, sendo ainda um excelente meio de recreação e de formação do caráter dos jovens.
Esses fatores, aliados a outros tantos, têm contribuído para que grandes partes das escolas do sul do Brasil, além de inúmeras no estado de São Paulo e também em diversas regiões do país, adotem o xadrez como disciplina obrigatória ou opcional.
O imenso mérito do xadrez é que ele responde a uma das preocupações fundamentais do ensino moderno: dar a possibilidade de cada aluno progredir segundo seu próprio ritmo, valorizando assim a motivação pessoal do escolar.
Piaget mostrou quais eram as etapas da formação da inteligência da criança. Observando-se grupos de crianças jogando xadrez constata-se que os progressos atingidos nestas etapas seguem ritmos extremamente diferentes, o que permite concluir da importância de se aplicar uma pedagogia de níveis preferencialmente a uma pedagogia orientada para classes da mesma idade.
Enfim, numa época onde o sonho confesso de uma revolução pedagógica é aquele de eliminar a barreira professor-aluno, é preciso reconhecer no xadrez esta virtude: ele não aceita nem o respeito da idade nem aquele da notoriedade. O ensino enxadrístico pode inverter a relação professor-aluno, colocando em xeque as hierarquias instituídas na sala de aula.
Experiências realizadas em diversos países demonstram que o xadrez, quando utilizado como terapia ocupacional, contribui para a reinserção familiar e social de crianças, adolescentes e mesmo adultos infratores ou em liberdade assistida.
Além disso, quando ele é introduzido nas classes de baixo rendimento escolar, auxilia ao desenvolvimento do sentimento de autoconfiança visto que apresenta uma situação na qual os alunos têm a oportunidade de descobrir uma atividade onde podem se destacar e paralelamente progredir em outras disciplinas acadêmicas.
O xadrez como suporte pedagógico para outras disciplinas
Trabalhos em psicopedagoga demonstram que o xadrez é um precioso coadjuvante escolar, e até psicológico. Assim, pode-se utilizar inicialmente a motivação quase espontânea do aluno em relação ao xadrez visando provocar ou facilitar a sua compreensão em outras disciplinas. Em uma segunda etapa, extrapola-se o universo artificial criado pelas regras do jogo como modelo de estudos de situações concretas. Isto pode aplicar-se a todos os campos do conhecimento - à história, à sociologia, ao direito, à jurisprudência, à literatura, à epistemologia entre outros - e sobretudo à matemática e à pedagogia.
No que concerne à pedagogia, o xadrez permite repensar a relação professor-aluno. A estratégia do ensino é bem próxima da estratégia do xadrez, pois dialética e autocrítica ocupam um lugar primordial e o vencido se enriquece mais que o vencedor.

clubedoxadrez.com.br

Um comentário:

  1. Luan dos Santos, 13 anos, era o que alguns professores chamam de "aluno problema". Além de não estudar, juntava-se a outros que "não tinham jeito" para perturbar na sala de aula. Há três anos descobriu o xadrez na Escola Estadual Helena Pugó, localizada no Bongi, Zona Oeste do Recife. O jogo não mudou apenas a opinião do corpo docente sobre o aluno. O próprio garoto diz que, hoje, é outra pessoa. "Aprendi a refletir antes de agir e não saio mais brigando por qualquer besteira. Posso até dizer que agora sou calmo", garante. A história de Luan não é um caso isolado. Muitos alunos também chegaram na sala da professora Elizabeth Souza desacreditados.
    "Tive uma aluna que, depois de vencer uma partida gritou: 'eu consigo pensar!'", lembra a professora que ensina o jogo há mais de dez anos. Elizabeth, uma entusiasta que chega a tirar dinheiro do próprio bolso para que seus alunos participem de torneios, explica que o xadrez na escola não é apenas um jogo, mas uma importante ferramenta pedagógica. "No xadrez, há uma guerra entre dois reinados e o objetivo é o xeque-mate no rei. Trazemos isso para a vida dos meninos, que precisam dar o xeque-mate na violência, nas drogas e numa série de outras dificuldades", compara.

    ResponderExcluir